sábado, 10 de septiembre de 2011

Silêncio

Quanto barulho há no seu silêncio? Quantas palavras cabem no meu silêncio? Quantos pensamentos cabem no nosso silêncio? Que sentimentos o silêncio traz? Quanta saudade é feita de silêncio?






O que seria deste momento se o silêncio fosse substituído pela expressão dos seus sentimentos. Ou ele já é e eu o decodifico mal, ou não quero aceitar o que meu silêncio, o silêncio dentro do peito e não da mente me diz pela boca do esôfago que se contrai e não deixa a respiração fluir na paz.


Quando estamos juntos a expressão dos sentimentos que tomam ou compartilham o espaço do silêncio é manifestação diversa. O seu todo, no meu todo, no todo que é nosso diz sem precisar dizer. É olhar, odor, respiração, pulsação, ritmo... São corpos que têm todos os sentidos e carece de sentido. É porque é. Está porque está. Dispensa significado. Com a distância física o desafio é nos manter juntos, conectados, perceber o que é fruto real do silêncio. Tão apreciado em outrora porque era a oportunidade de desvelar(se) o outro pela consciência, agora distantes o silêncio torna-se não raro incompreensão. Não estando juntos já não somos parte da mesma consciência? O que temos são pensamentos e ai... os pensamentos podem fazer muito mais ruído que a gritaria da bolsa de valores para leigos.


Conhecido é que a palavra é de prata e o silêncio é de ouro. O ouro foi motivo para muito mais cobiça, desentendimento, brigas e trapaças. Mas também por ele o homem se move mais, conquista, desbrava, é bravo e enfrenta novas paragens, o desconhecido... É disso que vou atrás: do desconhecido. Se o silêncio traz paz, ou evita que um momento de grande inquietação tome proporções maiores, então ele é bem-vindo. Este é seu lugar. Quando o silêncio é paliativo, fuga, disfarce de uma agitação, jogada para ganhar tempo, então, talvez ele também seja bem-vindo.



O silêncio tem algo a nos dizer.





Imagem: Pintura de Igor de Souza. Intervençãp textográfica Fábio Costa. Exposição "Tres" até 29/10. RV Cultura e Arte. Rua Barro vermelho, 32, Rio Vermelho. Salvador, Bahia.

10 comentarios:

Lau Milesi dijo...

Quel querida, fiquei absorta no seu belo ode ao silêncio,o que mais prezo em certos momentos, embora meus silêncios sejam, muitas vezes, tão barulhentos...
[rs]
Paradoxal, sei, mas são.:)
No silêncio e na interiorização acessamos o afeto que somos capazes de mobilizar e nos dar. E passar pra frente esse afeto fica mais fácil ainda, não é? Aprendi esse exercício de bioenergética da Casa do Saber.
Minha amiga pHD linda, amei seu texto!!!

Um beijo e obrigada pela lembrança, por me visitar.:)

Mariano P. Sousa dijo...

Menina!
Que belo texto!
Silêncio, distância, saudade, paixão, busca em poucas e ricas palavras.
Beijão!

Raquel dijo...

Laulinda! E muito! Eu que fico feliz com sua visita e seu comentário. E silêncio barulhento não tem nada de paradoxal, acabo falando isso tbém no post.

Agora gostei da lição: "No silêncio e na interiorização acessamos o afeto que somos capazes de mobilizar e nos dar."

besitossss

Raquel dijo...

Oi Mariano, que bom te ver por aqui e sentir que vc curtiu meu texto.

Beijossss

Anónimo dijo...

Linda abservação ao silêncio.
Bem haja,
Rosicler

Raquel dijo...

Agradecida, Rosicler!

Salete Cardozo Cochinsky dijo...

Esse silêncio que nos abriga/
Ou desobriga o pensamento expressar/
Deixa passar o tumulto, a turbulência/
Que a paz barulhenta logo voltará.
De Salete
Beijos Quel

Raquel dijo...

Que ótimo Saletita! Valeu!

Beijosss

Anónimo dijo...

Quel,

Quanta eloquência há no silêncio, não??

Bjs e bom fim de semana!!

Raquel dijo...

Dani, o silêncio que o diga!!!! Hehehe

Besitossss