
Como muitos sabem já fui atriz de profissão, alguns dizem que sempre serei, é só eu querer que poderia voltar à ativa. Pode ser. Mas a verdade é que todos somos atores em nossas próprias vidas, vivendo diferentes personagens conforme a situação nos pede.
Repetindo o mesmo texto batido em tantos discursos que, às vezes já nem sabemos mais se acreditamos naquilo. Mudando o texto quando é conveniente e preciso, ou improvisando quando não há outra saída.
Trocando de figurino quando já está apertado, velho, desgastado, ou simplesmente não é o traje adequado para o papel, a cena ou o cenário.
Usamos máscaras quando não conseguimos expressar o que sentimos, ou não estamos seguros poder transmitir. Usamos para exagerar os sentimentos e ganharmos visibilidade, ou quantas vezes não as usamos para esconder aquilo que não desejamos revelar, para sentirmos protegidos.
Somos filhos, pais, amigos, namorado, marido, chefes, empregados, estudantes, submissos, autoritários, desocupados ou worlkaholic, diversos papéis que o mesmo ator representa, ou vive, se a palavra representar parecer inadequada.
Em todos os papéis podemos ser também diretores da cena, ou marionete da execução. Ás vezes decidimos conscientemente, outras vezes o destino, a vida decide por nós.
Entretanto, tem um papel que, nem sendo profissional ou amadora, nem decidido ou imposto eu nunca gostei de atuar. O de vítima. Ô papelzinho chato, desqualificado e comum. Sempre tem alguém perto da gente que adora esse papel, que o faz com maestria, mas que nem assim me da inveja.
Claro, reclamo da vida, me queixo do mundo, me revolto com as injustiças sociais e políticas, me decepciono com a atitude alheia, e me frustro com meu próprio comportamento. Sou humana, sou normal (não muito de perto), sou emocional e é inevitável não fazer o papel de vítima hora ou outra. Mas venhamos e convenhamos, quando podemos escolher onde queremos encenar, com quem queremos contracenar, quem será a nossa platéia, qual a emoção que rege a cena, qual o texto que vamos falar, tem tanto papel melhor para se viver.
Posso e sou vítima sim em alguns momentos, mas que sejam momentos breves e que eu logo perceba que há figurinos mais glamorosos, sexy, interessantes e inteligentes de se vestir. Tem tanto papel mais produtivo para mim e para sociedade, então prefiro viver o papel de guerreira, de aprendiz, de comunicadora, de mutante, de louca, de ambientalista, de viajante, de cidadã, de amante...
Amante do meu espetáculo diário, do espetáculo do outro, da arte, da vida, da natureza, do nascimento, do amadurecimento, da mudança, da prosperidade, da superação e da solidariedade.
Muita Merda!
Que abram as cortinas, quero pisar firme no palco, encarar meu público de frente, soltar o verbo, mexer o corpo, me emocionar, emocionar, pois há tempos já estou em cena.
Besosssss
Raquel G. Oliveira