martes, 29 de marzo de 2011

Sobre o ir e vir dessa vida

Ontem fui dormir radiante de felicidade. Uma grande amiga, irmã escolhida, me dava a notícia que está grávida. Durmo agradecendo e sorrindo em pensar naquela gravidez tão desejada.

Hoje a emoção que transborda em meu ser é oposta. Uma amiga foi embora... por uma fatalidade.

Sentindo que o inesperado nos toca a cada instante, penso no efêmero que são os momentos, que são os seres e na importância de não perdemos uma só oportunidade de sermos felizes e fazer quem amamos e nos importa sentir isso.

Entender que a vida é esse eterno ciclo de transformação contínua, de emoções contraditórias, de vivências muitas vezes inexplicáveis e histórias com enredos que superam qualquer ficção faz da gente mais inteiro. Claro que nem por isso estamos preparados para o que der e vier. Porque simplesmente tem coisas que não da para se preparar, não tem ensaio. É na base do fazer acontecer, nos melhores dos casos, é improvisar com desenvoltura.

Nessa vida em que tudo parece tão passageiro e mutável, me pergunto o que pode ficar?

Os sentimentos e lembranças que guardamos das pessoas! Então que sejam bons. Se forem ruins que os transformemos até pelo menos nada sentir. Que os que tragam dose de dor e tristeza, sejam porque vem da falta do bom momento vivido e compartilhado. Assim, quando Kronos, o deus do tempo trouxer paz, a dor e tristeza não mais existirão, mas sim a saudade e novamente a lembrança daquilo que foi bem vivido e apreciado.

Uma amiga me disse um dia, que determinada coisa aconteceu porque ela amou demais. Recuso-me acreditar nisso, fatalidades não tem nada a ver com merecer ou não merecer, amar ou não amar. Temos que estar atentos e cuidadosos para os perigos que nos cercam, mas isso não garante que sairemos ilesos. O que não podemos é viver pela metade, viver com medo, viver sem arriscar, sem provar, sem ousar, sem confiar, e principalmente, sem amar. Coragem é minha melhor companhia.

Tantas vezes a vida não parece justa. É tão fácil olhar ao redor e ver tragédia, miséria e sofrimento. Mas a lógica da vida, sua justiça e engrenagem é maior que nosso poder de compreensão através da racionalidade. O tempo pode trazer algumas respostas, as sensações outras, mas mesmo quando ficamos sem o entendimento, acalenta pensar que nada é por acaso e que tudo acontece do jeito que é possível ser, e que sempre se pode fazer diferente do momento do agora, em diante.

Hoje estou inevitavelmente triste, mas a certeza que esse sentimento é passageiro e mutável me acalenta a alma. E sobre o inevitável, Chaplin tem uma frase que gosto muito: “A única coisa tão inevitável quanto a morte é a vida”.

Vou pensar na vida do baby que está chegando.

E que venha a Paz! Aos que vão, aos que ficam e aos que chegam.


Obs.: Hoje também partiu José de Alencar, ex- vive presidente do Brasil. Um homem admirável, cheio de fé, que demonstrou um amor incondicional pela vida e serenidade, força e bom humor diante um cancêr que durou 13 anos.


Imagem: Gustav Klimt, death and Life, 1916.