martes, 20 de diciembre de 2011

Quando nascer e morrer se olham


Nascimento me faz chorar tanto quanto morte.

Existe um tênue e fugaz instante em que se poderia confundir o que é um e o que é o outro. Percebe-se o quanto são faces distintas da mesma moeda, da mesma matéria, do mesmo sopro que faz despertar e adormecer, do mesmo elemento fundamentalmente etéreo, divino e cíclico.

Ver a vida de um ente querido se eximir é intensamente doloroso. Produz contrações que geram dores musculares e o órgão responsável pelo bom bailar sanguíneo perde o passo. A sensação é que as hemácias e hemoglobinas se desentendem, não conseguem mais fluir no compasso que seria de costume e quando retornam ao coração, esse agora dificulta a passagem, altera o circuito.

Ver a um ser amado vir ao mundo é intensamente jubiloso. Produz contrações diferentes e o órgão responsável pelo bom bailar sanguíneo perde o juízo e entra em festa. A sensação é que as hemácias e hemoglobinas estão bêbadas, dançam enlouquecidas na pista, dando voltas por todo o salão passando tão rápido pelo coração, que entorpecido mal se da conta desse frenético vai e vem.

O coração é só emoção e toda essa pressão se transforma em dor e alegria que precisam de alguma maneira se liberar e viram lágrimas.

Lágrimas que podem ser de perplexidade. Como se a secreção salgada pudesse limpar as pupilas e fazer enxergar um panorama diferente.

Lágrimas de uma saudade intensa, instantânea e inconsciente do momento passado, e/ou, de surpresa e medo pelo inesperado. Quando se vivencia um nascimento ou uma morte nunca se sabe como se dará as combinações químicas de nosso corpo que geram as mais diferentes emoções.

Lágrimas de perda, de um pedaço de si ou do todo mesmo. Já que tudo é conexão, algo que interfira neste atrelamento faz necessariamente que aquele específico todo deixe de existir e tudo já é outra coisa. O todo precisa se redimensionar. E quem fica tem que renascer.

Cada ser que amo e perde o alento vital me faz perceber em mim mais vida. Compensação. Ainda que no momento não me de conta. Ainda que talvez você nunca tenha tido consciência disso. Mas sempre quando alguém morre acabamos por valorizar mais a vida. Ainda que ela não pareça justa, ainda que ela não pareça boa, ainda que haja tantos aindas que nos deixem sem chão.

Talvez, então, precisemos voltar a ser embriões. E esperar. Talvez prematuramente já conseguíssemos a força necessária para voltar a chorar, agora por respirar um ar de quem precisa estar no mundo e precisa aprender a viver independente, só.

Pois mesmo com toda ajuda do mundo, sendo em fase embrionária, de desenvolvimento, de descoberta, aprendizagem, mesmo que engatinhando ou em maratona, não importa quem está do nosso lado.

É na solidão que temos consciência do nosso ser.

Solidão não como sinônimo de estar só, mas de estar totalmente voltada para o interior do seu ser. É o primeiro momento do eu existo. E o último.

Que bela é a vida que procura tudo equilibrar. Privilegiados são aqueles que nascem e morrem com o que lhe caberia a todos por direito.

Privilegiados são aqueles que entendem o nascimento como inevitavelmente é: um choque entre dois mundos, a dor de sair de um lugar que tudo subsistia, para outro onde deverá aprender um tanto quanto de lições que lhe garantirão sua subsistência física, emocional e espírita. A vida faz o que ela sempre fez e faz tão bem. Tratará de preparar muitos mestres e situações para o melhor desenvolvimento daquele que é um ávido e atento aprendiz. E assim não estar fadado a ser um ninguém.

Privilegiados são aqueles que vivenciam a morte como o que ela é: a única condição certa a todos nós. A morte sim é justa. Não faz diferença. Todo mundo é alguém ao seus olhos. O que pode não ser justo é o modo como cada um morre. Para podermos equilibrar os pratos dessa balança agimos. Só a ação, o sentir, o pensar, e tantos outros verbos que compõem a coreografia da dança que celebra a vida e respeita, mas não se curva a morte é capaz de recordar o ser humano, que assim como não há nada mais correto que um dia todos morreremos, também é certo que nascemos para começar. Uma jornada que a cada dia, a cada instante podemos morrer e renascer até que o último suspiro seja para o tal do descanse em paz.

Talvez haja um tênue e fugaz momento em que nascer e morrer se olham, sorriem, se abraçam, se fundem e são uma coisa só.

viernes, 7 de octubre de 2011

Rachel in Ownwonderland

Once upon time there was a girl that has no age...

Ela não tinha idade.

Ela tem é história, sonhos, contos e fadas

Ela foi borralheira. A veces es borrachera. É gata Cinderela manca.

É bela desperta e fera adormecida.

É pequena, é grande, depende do lugar e da razão.

Vive no próprio mundo das maravilhas.

Está Ali

se

é o caso

Esta aqui

que já é tarde

Ela não tem idade.

Mas adora comemorar aniversário e claro, desaniversários!


"I have to change to stay the same". Kooming

sábado, 10 de septiembre de 2011

Silêncio

Quanto barulho há no seu silêncio? Quantas palavras cabem no meu silêncio? Quantos pensamentos cabem no nosso silêncio? Que sentimentos o silêncio traz? Quanta saudade é feita de silêncio?






O que seria deste momento se o silêncio fosse substituído pela expressão dos seus sentimentos. Ou ele já é e eu o decodifico mal, ou não quero aceitar o que meu silêncio, o silêncio dentro do peito e não da mente me diz pela boca do esôfago que se contrai e não deixa a respiração fluir na paz.


Quando estamos juntos a expressão dos sentimentos que tomam ou compartilham o espaço do silêncio é manifestação diversa. O seu todo, no meu todo, no todo que é nosso diz sem precisar dizer. É olhar, odor, respiração, pulsação, ritmo... São corpos que têm todos os sentidos e carece de sentido. É porque é. Está porque está. Dispensa significado. Com a distância física o desafio é nos manter juntos, conectados, perceber o que é fruto real do silêncio. Tão apreciado em outrora porque era a oportunidade de desvelar(se) o outro pela consciência, agora distantes o silêncio torna-se não raro incompreensão. Não estando juntos já não somos parte da mesma consciência? O que temos são pensamentos e ai... os pensamentos podem fazer muito mais ruído que a gritaria da bolsa de valores para leigos.


Conhecido é que a palavra é de prata e o silêncio é de ouro. O ouro foi motivo para muito mais cobiça, desentendimento, brigas e trapaças. Mas também por ele o homem se move mais, conquista, desbrava, é bravo e enfrenta novas paragens, o desconhecido... É disso que vou atrás: do desconhecido. Se o silêncio traz paz, ou evita que um momento de grande inquietação tome proporções maiores, então ele é bem-vindo. Este é seu lugar. Quando o silêncio é paliativo, fuga, disfarce de uma agitação, jogada para ganhar tempo, então, talvez ele também seja bem-vindo.



O silêncio tem algo a nos dizer.





Imagem: Pintura de Igor de Souza. Intervençãp textográfica Fábio Costa. Exposição "Tres" até 29/10. RV Cultura e Arte. Rua Barro vermelho, 32, Rio Vermelho. Salvador, Bahia.

viernes, 12 de agosto de 2011

Os chamados de Salvador

Como bem havia sentido (e escrito no post anterior) voltaria a Salvador. A cidade me chamou de diferentes jeitos e tempos. Em 2003, estava em João Pessoa e sem planejar acabei vindo com uns amigos passar uns dias em Arembepe e Salvador, na época do São João. Além de curtir a festa pude conhecer mais dos encantos naturais que a Bahia tem. A terceira vez foi algo planejada. Morava em Barcelona e vi que no final de 2005, na época que eu viria de férias ao Brasil, haveria um congresso que me interessava apresentar um trabalho.

Artigo aceito no V ELEPICC, cá estava eu confiando na energia que outrora já bem fluía. Deixei para quando aqui chegasse, ver onde ia me hospedar. Desta vez queria ficar na Barra. Neste bairro da cidade encontrei uma pousadinha simples que cabia no meu bolso e era possível as minhas pernas alcançarem Ondina, para o tal congresso.

Adorava essa caminhada pela orla e após uma semana calorosa sentia que minha ligação com essa terra estava estranhamente estabelecida. A vista do farol da Barra me parecia uma mirada tão familiar, como algo que sempre fez parte do meu campo de visão. Sensação que trazia o vago pensamento: quem sabe um dia eu ainda more nesta cidade... quem sabe um dia eu já morei nesta cidade...

Fato curioso foi em setembro de 2005, quando fiz uma viagem ao Tibet com meu irmão e um amigo. Quando chegamos no acampamento base do Everest fizemos um vídeo para registrar o momento de celebração, e eu realmente não sei porquê, de repente, pega de surpresa, me apresentei como uma baianinha! Para confirmar o insólito desta historia segue o link do vídeo, para ver só este momento recomendo ver o vídeo a partir do minuto, 7:20. http://www.youtube.com/user/chicabacana#p/u/7/gp0t_X8OyCg

Os anos passaram e Salvador não fazia parte de meus pensamentos, até que em dezembro de 2009, após defender minha tese de doutorado na Espanha, estava pesquisando em qual universidade federal brasileira seria melhor eu fazer a validação do meu diploma. Os lugares que pareciam apresentar processos menos burocráticos e custosos, eram Rio de Janeiro e Salvador. Eu estava prestes a me decidir pela UFRJ, pois tenho amigos no Rio os quais com uma procuração poderiam me ajudar a distância. Como não tinha ninguém em Salvador, lembro que pensei, “bem que poderia surgir um trabalho em Salvador para que eu possa fazer o processo de validação do diploma enquanto resido um tempo na cidade. Depois de 7 anos na Europa já é hora de voltar a viver no Brasil”.

Não sei se existe diferença entre pensamentos que chegam e passam livremente pela mente, sem darmos conta de onde veio e para onde vai, com desejos tão genuínos que nascem de um querer bem mais sensorial que racional. Só sei que logo depois vi a chamada para o edital de pesquisadores de pós-doutorado para se trabalhar na Universidade Federal da Bahia. Estava ai a oportunidade de realização do meu pensamento/desejo, para reforçar aquele velho ditado “cuidado com o que você deseja, porque pode se tornar realidade”. E assim, em janeiro de 2011 eu já era pesquisadora do Centro de Estudos Avançados de Democracia Digital da Universidade Federal da Bahia, sem entender o que isso significava.

jueves, 7 de julio de 2011

Alegre e jovem, a primeira vez em Salvador


É conhecimento geral que Salvador tem belos lugares e pessoas talentosas. Isso eu comprovei antes mesmo de vir morar aqui. Foram três vindas a capital baiana, anteriores a experiência atual de viver 1 ano e meio na cidade.

A primeira vez que vim à Salvador foi em 1999. Eu era uma, dos mais de 5 mil jovens da 1ª. Bienal de Arte e Cultura da UNE. Momento histórico para União Nacional do Estudantes e para a estória desta eterna estudante inquieta que lhes narra. Foi inusitado como tudo aconteceu. Sempre alimentei a vontade de conhecer a terra de artistas que admiro e fizeram parte da minha formação, dos meus gostos, pensamentos e desejos juvenis.

Um dia, minha irmã caçula me falou que havia se inscrito para participar de uma excursão para Salvador, para a Bienal da UNE, e que estava triste porque não poderia ir. As vagas para tal excursão haviam sido bem disputadas e ela teria que avisar que não compareceria para dar lugar a outra pessoa. Eu, mais que rapidamente, disse a ela que não falasse nada. Eu iria em seu lugar. Rafa argumentou que isso não era possível, que a oportunidade era destinada aos alunos da Universidade do Vale do Itajaí (Univale –SC) e eu era aluna da PUC-PR. Sentindo que aquela era a MINHA oportunidade e não a deixaria passar, implorei a minha maninha que não falasse nada. Seria Rafaela. Ela ainda replicou dizendo que era impossível.

- O pessoal me conhece e somos bem diferentes.

- Deixa comigo! Quero ver se eles vão ter coragem de me desmascarar.

Era um plano arriscado, mas eu não tinha nada a perder e com sorte muito a ganhar.

Na data determinada, viajei de Curitiba a Itajaí e fui, na hora marcada, me encontrar com o pessoal da excursão. Acomodei minha bagagem e aguardei. A coordenadora da excursão fez a chamada antes do ônibus partir, e ao dizer Rafaela Gomes de Oliveira, eu tranquilamente disse:

- Presente!

É... aquele tinha sido o presente da minha mana pra mim e o universo parecia não fazer nenhuma objeção. Senti que algumas pessoas me olharam, mas ninguém disse nada. Quando já estávamos na estrada um e outros vinham me dizer:

- Você não é a Rafaela.

- Claro que não. Sou a Raquel, a irmã da Rafaela. Ela infelizmente não pode vir.

Infelizmente para ela e felizmente para mim. Claro que isso eu não precisava nem dizer.

Foram dois dias e meio de viagem. Tomando banho em postos de gasolinas e socializando com a galera do ônibus, o que não foi nada difícil, pois inventávamos brincadeiras, jogos, comíamos, bebíamos, cantávamos e ainda teve aqueles que levaram violão e percussão. O difícil era dormir.

Ao chegar em Salvador fomos para UFBA, onde ficaríamos acampados em salas de aula. No mesmo instante decidi que eu queria era ficar em outro lugar. Fui sozinha me hospedar em um albergue no pelourinho.

Uma semana se passou enquanto eu me dividia entre discussões de interesses sociais e políticos para estudantes, eventos culturais da Bienal da UNE e os atrativos da cidade. As músicas de Caetano eram minhas guias urbanas. De busão e discman eu fui alegre e jovem para Itapuã e Abaeté, e tudo foi só beleza pura em Federação. Fiz trancinha no cabelo que batia na bunda e no pelourinho fui dançando, atrás de cada grupo de percussão que passava. Ah! também mandei vários cartões postais para amigos e familiares.

Momento mágico da viagem foi ter ido a Santo Amaro da Purificação conhecer Dona Canô, e ver no palco montado na praça do centro da cidade, o show com Caetano, Bethania e Gil. Estava realizando um desejo intenso, genuíno e inconsciente. Era como se eu estivesse no meu quarto, com 15 anos de idade, jogada entre almofadas, olhando fixo para o teto, ouvindo uma fita cassete gravada com todo esmero com a seleção das músicas dos cantores baianos que tanto gostava, e de repente, tivesse caido no sono e começado a sonhar com aquela viagem. Uma profusão de imagens minha pelos cantos de Salvador... depois eu, no meio da praça em Santo Amaro agradecendo mentalmente e cantando todas as letras das músicas daquele show inesquecível. Não era sonho. A bunda quadrada de uma viagem de ônibus de mais de 1800 km me trazia a real. Além de souvenirs, cartões, fotos e lembranças, também vinha comigo uma certeza, já que tão bem eu passei na Bahia era claro que um dia eu voltaria.

jueves, 9 de junio de 2011

Gravity


Uma força me impede de fazer

talvez nada me impeça

apenas não quero

denomino algo externo

com a ilusão de me sentir mais confortada

O não fazer é fazer também

É outro caminho

É aquele que renega o deve

para ser o sinto

Sem conseguir sentir muito

sinto quase nada

que já é tanto quanto

aquela coisa que se deseja

No dilema interno

espero que o tempo pare

que algo aconteça

e me faça fazer

sem perceber

enquanto vou sendo

Não tenho mais tempo para o esforço

que todo trabalho,

qualquer ação

não nasça da força, interna ou externa

sim do (im) pulsar

miércoles, 18 de mayo de 2011

Yo Papallona

PASSA UMA BORBOLETA
(do "Guardador de Rebanhos" - Alberto Caeiro)

Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.

Ilustração: Julie Morstad



A vontade é de voar

Mas bem gritar com os braços

e agradecer em multiformas

Escrever

Chorar

Dançar

Rir

Cantar

Silenciar

Para sentir mais intima e profundamente o momento da magia, da transformação.


Das conexões que se estabelecem dos longínquos tempos sem sentido para o presente onde o sentido não faz falta. Tudo é compreensão pelos sentidos.


Apreensão do presente que é o presente que tudo cabe e para o todo se transtorna.


O futuro assim é a incerteza que tudo será ainda melhor.


Se é que isso é possível.



Petonets a tots, Raquel G. Oliveira



martes, 5 de abril de 2011

Da ausência e da vontade de dançar

Uma tristeza quis chegar porque ela se foi, mas ter estado com ela vale o princípio do sentimento estranho que a ausência dela deixou.

Logo, descubro a beleza da paz de estar só.

Inteira.

Sinto-me bela, alegre e uma antiga companheira volta com toda força:

A vontade de dançar!

E dança assim juntinha de mim, mexendo bem até coladinha ficar. Molhadinha!

A transpiração libera os poros para receber as boas vibrações que continuamente estão ai, e às vezes, simplesmente não deixamos entrar.

Não! Não basta deixar entrar.

Tem que permitir ficar, expandir, se transformar e transbordar... No que tiver que ser que o mestre tempo coreografar.

Que essa minha unidade que é impar se conecte ao coletivo de seres, situações, momentos, emoções, experiências únicas e se torne um todo muito maior que as somas das partes... O infinito vislumbrado em seu olhar, no meu olhar...

Assim, danço porque pequena sou.

Danço porque grande fico.

Danço porque conectada sinto.

Danço porque o instante existe, e como diz a poetisa, "minha vida está completa. Não sou alegre, nem sou triste". Sou contemplação intensa, atuação serena em movimento perpétuo que pode ter, por vezes, os pratos da balança desequilibrados, só para depois, centrada, ser Justamente encanto, endanço.

Sou feliz porque ela existe, e existindo, existo eu.

martes, 29 de marzo de 2011

Sobre o ir e vir dessa vida

Ontem fui dormir radiante de felicidade. Uma grande amiga, irmã escolhida, me dava a notícia que está grávida. Durmo agradecendo e sorrindo em pensar naquela gravidez tão desejada.

Hoje a emoção que transborda em meu ser é oposta. Uma amiga foi embora... por uma fatalidade.

Sentindo que o inesperado nos toca a cada instante, penso no efêmero que são os momentos, que são os seres e na importância de não perdemos uma só oportunidade de sermos felizes e fazer quem amamos e nos importa sentir isso.

Entender que a vida é esse eterno ciclo de transformação contínua, de emoções contraditórias, de vivências muitas vezes inexplicáveis e histórias com enredos que superam qualquer ficção faz da gente mais inteiro. Claro que nem por isso estamos preparados para o que der e vier. Porque simplesmente tem coisas que não da para se preparar, não tem ensaio. É na base do fazer acontecer, nos melhores dos casos, é improvisar com desenvoltura.

Nessa vida em que tudo parece tão passageiro e mutável, me pergunto o que pode ficar?

Os sentimentos e lembranças que guardamos das pessoas! Então que sejam bons. Se forem ruins que os transformemos até pelo menos nada sentir. Que os que tragam dose de dor e tristeza, sejam porque vem da falta do bom momento vivido e compartilhado. Assim, quando Kronos, o deus do tempo trouxer paz, a dor e tristeza não mais existirão, mas sim a saudade e novamente a lembrança daquilo que foi bem vivido e apreciado.

Uma amiga me disse um dia, que determinada coisa aconteceu porque ela amou demais. Recuso-me acreditar nisso, fatalidades não tem nada a ver com merecer ou não merecer, amar ou não amar. Temos que estar atentos e cuidadosos para os perigos que nos cercam, mas isso não garante que sairemos ilesos. O que não podemos é viver pela metade, viver com medo, viver sem arriscar, sem provar, sem ousar, sem confiar, e principalmente, sem amar. Coragem é minha melhor companhia.

Tantas vezes a vida não parece justa. É tão fácil olhar ao redor e ver tragédia, miséria e sofrimento. Mas a lógica da vida, sua justiça e engrenagem é maior que nosso poder de compreensão através da racionalidade. O tempo pode trazer algumas respostas, as sensações outras, mas mesmo quando ficamos sem o entendimento, acalenta pensar que nada é por acaso e que tudo acontece do jeito que é possível ser, e que sempre se pode fazer diferente do momento do agora, em diante.

Hoje estou inevitavelmente triste, mas a certeza que esse sentimento é passageiro e mutável me acalenta a alma. E sobre o inevitável, Chaplin tem uma frase que gosto muito: “A única coisa tão inevitável quanto a morte é a vida”.

Vou pensar na vida do baby que está chegando.

E que venha a Paz! Aos que vão, aos que ficam e aos que chegam.


Obs.: Hoje também partiu José de Alencar, ex- vive presidente do Brasil. Um homem admirável, cheio de fé, que demonstrou um amor incondicional pela vida e serenidade, força e bom humor diante um cancêr que durou 13 anos.


Imagem: Gustav Klimt, death and Life, 1916.


lunes, 21 de febrero de 2011

Fé no desconhecido

Sabe aquele papo que todo mundo já ouviu, seja num livro de auto-ajuda, algum mais espiritual ou em filosofia de botequim, que quando você está em sintonia com o universo as coisas acontecem. Provavelmente todo mundo já experimentou a sensação do universo conspirar a seu favor. Ouso mais! Quando se está em sintonia, atenta ao presente, você é capaz de sentir as coisas antes mesmo que elas aconteçam. E isso serve para qualquer área da vida. Das grandes, as pequeníssimas coisas.

Eu tenho me descoberto nessa sintonia. É sem dúvida nenhuma uma loucura! Porque mesmo os acontecimentos aparentemente desagradáveis, quando acontecem você não se abala, porque de alguma maneira você já tinha sentido o que iria passar.

Invade uma paz! A certeza que você está no caminho certo, mesmo quando o que sucede não é o que você desejou. Porque a experiência diz que algo melhor sempre vem pela frente. E vem! Mais uma vez, possivelmente não no tempo que você quer, nem do modo como havia idealizado, mas o desconhecido pode ser melhor que qualquer fantasia e imaginação. Ele é o campo, muitas vezes das potencialidades impensadas, mas sempre de alguma maneira, em algum nível sentidas.

A materialização do inconsciente é um exercício de auto-conhecimento e conexão com o todo. Ao nos permitirmos vibrar dessa maneira a corrente emanada só pode trazer o bem.

Minha fé é no desconhecido, nas manifestações fresquinhas que surgem a cada instante para quem se rende e se entrega.

miércoles, 26 de enero de 2011

Aquele Abraço! (pleno e grato)

Acabaram minhas merecidas férias. Depois de um 2010 conturbado entre mudanças e adaptações, tudo que mais queria e necessitava no fim do ano era de férias. Pensei em fazer uma viagem sozinha para algum lugar que ainda não conheço. Adoro viajar porque é o caminho mais rápido e fácil de estar em harmonia comigo e desenvolver minha consciência sobre o mundo exterior e o meu mundo interior. Mas me sentia tão esgotada energeticamente que minha necessidade maior parecia economizar energia, me reconectar com a fonte e estar com pessoas que amo.

Foi exatamente isso que aconteceu. Não! Melhor. Foi muito mais do que isso que aconteceu.

Minhas férias foram repletas de amor. De reencontros com pessoas incríveis, algumas há 8 anos não via, outras 7 ou 4 anos. Outras tantas não havia tanto tempo assim, mas o abraço dado foi com a mesma intensidade de quem encontra alguém que se gosta muito, depois de anos.

Abraços... abraços apertados, sem pressa, peito com peito, com respiração ofegante de excitação no começo, que vai dando lugar a paz de sentir que o tempo realmente é tão subjetivo quando o assunto é querer bem, amizade e amor verdadeiro.

Teria vários nomes para colocar aqui e agradecer do fundo de meu coração por esses momentos de abraços de almas, mas quem sentiu o mesmo que eu, sabe que seu ser está neste texto, apesar do nome não reluzir. E outros nomes, de pessoas que não foi possível encontrar dessa vez, mas desejei bastante e espero que na próxima oportunidade o desejo se torne realidade.

As férias acabaram e o objetivo foi plenamente cumprido: recarreguei energias, reconectei-me com a fonte produtora e estive com lindas e amadas pessoas em Salvador, Itajaí, Curitiba e Rio de Janeiro.

Trago agora a certeza que 2011 será melhor, com novas conquistas (meu novo lar, por exemplo :D), com melhores produções, com saúde, evolução, prosperidade, criatividade, diversão, aventura, alegria, leveza e muito mais amor!!!

O fim de férias faz com que eu veja que algumas coisas devem ser levadas para o cotidiano. A atemporalidade do viver conscientemente o Agora é lição a ser lembrada para todo sempre. O reencontro com o bom conhecido e o encontro com o desconhecido sem julgamento deve sempre ter espaço.

Abraços verdadeiros sempre!

Estado de plenitude. Plena assim estou neste Agora que lhes escrevo, sabendo que me basto e que isso, não interfere no fato da presença de vocês (real, virtual ou por telefone...hehehe) me fazer imensamente bem, no sentido mais amplo que essa palavrinha de 3 letras tem.

O encantamento pelo reencontro com vocês e com o mistério da evolução\transformação pessoal é presente. É graça!


Gracias!


Aquele Abraçooooo!!!

Y besitossss

Quel