domingo, 12 de septiembre de 2010

O exercício da representação através da imagem

Esse final de semana revivi fortes emoções. É que há um ano atrás, justamente na primeira quinzena de setembro, quando eu também vivia um momento de inferno astral, eu dei uma entrevista a Lilian Ucker para o trabalho de investigação da tese de doutoramento dela, com o título: Transitos y (re)posiciones de identidad de estudiantes brasileños: una investigación desde la pedagogia internacional, dentro do programa de pós-graduação “Educación y Artes Visuales: un enfoque construccionista" na Universidade de Barcelona, sob a tutoria do professor Fernando Hernandez.

A tese dela gira em torno de histórias de vida de estudantes brasileiros que estão em Barcelona em processo de doutoramento (sou a unica dos 12 entrevistado que terminou o doutorado). Tem como objetivo analisar como os alunos se (re)posicionan frente às mudanças pessoais e profissionais durante seu processo de formação e mudança de país. É uma tentativa de abrir espaço para que os estudantes possam falar sobre seus processos de tomada de consciência, levar a um pensamento reflexivo através de suas histórias de vida, sua trajetória pessoal e profissional e assim compreender seu processo de formação identitaria. E a coleta de dados foi feita num primeiro momento através de entrevistas.

Imaginem, eu lendo o que eu falei há um ano atrás, quase 30 páginas sobre a minha vida, no período de 6 anos em Barcelona. Foi inevitável não chorar, não rir, não sentir que às vezes aquele passado já estava distante demais, e em outros momentos, presente demais, não sentir que aquelas reações eram tão minhas e ao mesmo tempo sentir que tudo aquilo parecia vivido por uma personagem que não era eu. Era a jovem protagonista em busca de conhecimento, fé, amor, de viagens, cultura, de um livro que eu estava lendo.

Na segunda parte da pesquisa de Lilian, ela me pergunta como eu me representaria através de imagens minha experiência vivida em Barcelona. Claro que são várias as imagens que me representam numa experiência como essa, longa e diversificada, que preferi escolher apenas uma imagem que representa como muitas vezes eu me sentia. Lógico que Lilian pede para eu explicar o porquê. E esta foto, com a explicação que eu compartilho com vocês.

Estou na rua mais conhecida e movimentada da cidade, Las Ramblas de Barcelona. Estou no centro da foto, que esta na rua que é o centro da cidade. Eu sou o meu centro em Barcelona. Uma rua que gosto muito de caminhar sozinha, com amigos ou para levar as pessoas que vem me visitar e conhecer a cidade. Uma rua que me encanta por sua diversidade, por ser cheia de artistas, flores, animais, lojas, comidas e gente, por estimular meus sentidos.

Estou no meio de uma multidão, mas estou só e bem. Todos a minha volta estão sem foco, eu focada. As pessoas usam roupas escuras e eu uso branco e cores. Sou unica. Sou uma parte que se destaca desse todo. Eu me visto com uma saia que comprei no Tibet e com uma blusa que era de uma amiga, e ela já não queria mais. Esse jeito de se vestir é tão meu.

A minha postura corporal também fala. Eu estou com o corpo querendo seguir a diante, mas levemente virado para trás. Olho para trás porque essa é minha referência, mas quero seguir em frente. E no final das Ramblas há o mar. Dessa imensidão que é o mar posso ir a qualquer lugar.

Essa foto foi tirada por Matheus que também representa muito do meu tempo em Barcelona. Ele atrás da câmera fotográfica também representa que apesar de eu, às vezes me sentir só, eu realmente no fundo não me sentia sozinha, eu sabia que não estava sozinha, que tinha sempre Alguém olhando por mim.

Ele ficou muito feliz que eu gostei desta foto, porque eu sou chata com foto. Ele precisava tirar várias para eu elogiar e gostar de alguma. E isso foi bom, porque ele adquiriu algo de técnica e sensibilidade para fotografar. Eu acho que a idéia da foto foi minha. Ele não se lembra de quem foi a idéia, mas se foi dele igualmente eu fico feliz. Porque eu adoro essa imagem e foi um exercício de auto conhecimento interessante descrever o que eu sinto através dela. Logo que Lilian propôs se definir através de uma foto eu pensei nesta.

Raquel focada numa Barcelona sem foco. Raquel no centro da rua que é o centro de Barcelona. O lugar mais conhecido da cidade é o lugar onde eu me (re)conheço.


1ª foto: Minha imagem refletida na obra de Salvador Dali, no Museu de Figueres. Por Luiz Valcazaras

2ª foto: Matheus H. de Moraes Aita

Besitosss a todos que passam por aqui.

Raquel G. Oliveira @ComuniQuel

lunes, 6 de septiembre de 2010

Da sensação do intenso e do efêmero


Pronto já foi. Um novo segundo se inicia sem eu ter me dado conta que vários já passaram.

E quando consciente fico quero congelar o tempo. Não! Quero apenas viver bem esse Agora.

O tempo lento é mais intenso? A intensidade se da pelo efêmero? E o veloz?

Gostaria que intensidade e velocidade não se relacionassem.

Intensidade é força e tempo é força... assim prestes a fazer aniversário em um mês os questionamentos de inferno astral invadem meu ser.

Quanto mais o tempo passa mais força deveria eu ter? E tenho?

Se intensidade é força e eu quero ser leve, então nunca poderei ser intensamente leve?

Intensidade é bom mais cansa!

Principalmente para algumas pessoas que convivem comigo. Talvez, nesse próximo meu ano, que pronto se inicia, deveria mudar, deixar de ser intensa para ser serena...

Não, não seria eu...

Hey, you!

¿Yo?

¡Sí!

Você não é balança?

Ham Ham

Então põe cada adjetivo, cada emoção num prato dessa balança e deixa o tempo passar e brincar de equilibrar.

Ok! Vale! Já sei.

Vou viver no intensamente agora, no serenamente sempre e quem sabe assim poderei ser mais forte nos anos que celebro.


Raquel G. Oliveira @ComuniQuel