jueves, 21 de octubre de 2010

Desvio de percurso

Quantas vezes não pegamos um desvio de percurso e ao caminhar por essa trilha, queremos apenas andar o necessário para voltar ao trajeto original, planejado para chegar ao destino almejado.

Porém, outras vezes, ao pegarmos algum desvio, nos surpreendemos com a beleza do caminho e por decisão racional ou emocional vamos permanecendo neste novo trajeto, observando os detalhes da paisagem e refletindo ou sentindo, se o tal desvio não devia se tornar o caminho principal.

Há aqueles que jamais pegam um desvio. Estes podem evitar ver seu plano alterado, e com isso evitam se sentirem perdidos e correr o risco de não alcançar a linha de chegada visualizada, mas também podem evitar descobrir que a vida é muito maior e melhor que nossos planos e devaneios.

Não há garantias. Um desvio pode ser o caminho mais rápido ou mais lento de se chegar a um objetivo. Pode ser o reforço do objetivo já traçado ou pode ser reconstrução total da meta pensada. E às vezes, o desvio não interfere no ponto final, mas apenas nos faz pensar mais na própria caminhada e esquecer um pouco do “para onde vou” e sentir mais o “onde estou”. Atentamente perceber se os passos dados, a respiração e as batidas do coração estão em paz, em harmonia com o ecossistema em volta. Certamente, um bom desvio, em alguns momentos, deve trazer algo de desritmia. É que sem emoção a razão é tão chata. O importante é encontrar o ponto de conforto quando se está em território desconhecido. E se você descobre esse ponto de paz, então não importa se você esta no desvio ou na estrada principal, você está no caminho certo.

Besitosss e boa caminhada a todos!

Quel

Raquel Gomes de Oliveira

@comuniquel


domingo, 10 de octubre de 2010

MultiComemorações 3.3

Sofrimento tem que ter data para acabar. Parece racional demais, e é, mas funciona. Afinal por mais que às vezes pareça que o coração vai para um lado, e a cabeça vai para outro, eles são parte do mesmo corpo.

Coloquei data para o fim do sofrimento. Sofrimento que é a maneira mais objetiva de se resumir àquela mistura que engloba, angustia, ansiedade, frustração, medo, saudade que machuca, paralisa. Sofrimento que nos faz pesado e com pouca agilidade para se movimentar, para seguir em frente.

Sou dançarina de (uni)versos. Dou piruetas entre meu mundo interno e o que está fora do meu centro, expandindo o movimento para muito além do que vejo e alcanço.

Para se dançar ao som do vento é preciso ser leve.

Por isso, meu aniversário, o marco do início de meu ano novo, é a data ideal para tomar aquele fôlego e transformar sofrimento em algo bom. É a oportunidade para dar chance mais uma vez para dançar ao som do vento, para acreditar que as coisas podem ser diferentes para melhor, que idade traz sabedoria, que o tempo é senhor das razões, que viver vale a pena quando se tem amigos, amores, bons projetos, se trilha o caminho do bem e da fé. Frases clichês que se tornam cada dia mais reais em minha vida.

Foi isso que aconteceu. Multicomemorei meu aniversário de várias maneiras.

Multicomemorações 3.3 que comecei celebrando em uma creche, com o carinho de crianças que são filhos de presidiários, banho de mar a tarde para limpar as energias e à noite salsa e janta mexicana com amadas amigas. Comemorações que seguiram no dia seguinte com entrada free para Mafaro, super show filme de André Abumjara, e festa com caruru em casa de meu amigo e também aniversariante Sivaldo.

Estive imensamente feliz, compartilhei fisicamente esses momentos com pessoas que há pouco tempo conheço, mas já significam tanto nesses apenas alguns meses de Bahia, e dividi virtualmente com um bando grande de amigos de todas as épocas, que vão (graças a Deus!) aumentando com o passar dos anos e fazendo a diferença, quando se é uma pessoa nômade como eu.

Só me resta agora agradecer. Agradecer todos os desafios, as conquistas, as mudanças, as pessoas e aos anos vividos. Agradecer até mesmo os momentos de sofrimentos que também fazem parte do que sou e me transformo. E desejar felicidades para todos nós!

Beijos, Besitosss, Petons

Quel

sábado, 2 de octubre de 2010

Semsentido

Falta-me o ar

Respiro fundo e ainda assim não consigo exalar uma quantidade suficiente para encher os pulmões

O ar está rarefeito e eu estou sob o efeito de uma tontura que me faz perder o eixo

A cabeça pesa, o corpo pesa e os olhos vê tudo desfocado

O corpo não encontra forças para permanecer ereto

Respiro fundo uma vez mais na esperança de tranquilizar a mente

Pois sei que o coração precisa mais do que ar para encontrar novamente seu ritmo

Na sua desritmia, por momentos, ele me aperta o peito fazendo com que falte espaço na caixa toráxica, e por momentos, ele o amplifica e eu já não estou segura que o meu coração permanece nesta parte corpórea

A garganta seca e meus olhos estão cada vez mais mareados

O que me da algo de conforto é pensar que não importa o tempo que este estado de torpes dure, passará

O que passa também é meu sono

Frito na cama sem conseguir achar uma posição em que meus músculos estejam menos tensos

Mais uma tentativa de respirar, dessa vez ainda mais profundamente, com toda a força e concentração que encontro neste momento em meu ser... ...o ar começa a trazer algum alento

Concentro-me cada vez mais nela, em seu ritmo, no ir e vir de meu ventre, em cada aspirada e espirada, sigo pirada

Paro de respirar e perco os segundos

Dessa vez me sinto melhor

Desisto de lutar contra o que seja

Já que não sei bem o que, ou quem é meu adversário.

Certamente sou eu mesma

O que me faz perceber o nonsense da situação

Na cena sem sentido que vivo

Sou um quase ontem e um talvez amanhã

Sendo que tudo o que quero (nesse exato momento)

É ser um simples hoje, sem passado, sem futuro, simplesmente sendosemsentir (tanto).

Raquel G. de Oliveira @ComuniQuel


Foto: Eu sentada no chão do Louvre, por Matheus de Moraes

Obs. É desabafo de fim de inferno astral. E sim Saly, eu acredito nessas "coisas"... rsrsrs :P