
Tenho pensado muito no meu ego. No assumidamente ególatra que sou. E no ego que ganha força em cada um com a Web 2.0, com os perfis em redes sociais e a exposição da individualidade.
Em 2004 com intuito de entender melhor a linguagem dos sites, aprendi a fazer página web e criei a minha. Mas sobre o que iria falar? Como iria chamá-la? Eu não sou uma expertise em nada, agora depois do doutorado posso até considerar que sim, mas naquele entonces eu estava no início da minha caminhada acadêmica e achava que com minha curta experiência eu pouco iria aportar se resolvesse ter um blog sobre novas tecnologias ou assuntos afins. O único tema que passava pela minha cabeça que eu poderia criar categorias e diferentes textos era a minha história. Como chamar então este espaço virtual? A palavra ComuniQuel veio a mente. Porque como comunicóloga poderia deixar meu gosto pela contação de história ainda mais amplo, podia falar sobre qualquer coisa ligada a comunicação e Raquel.
Simplesmente não conseguia pensar em outro nome, foi o primeiro e único nome que pensei. Que falta de imaginação! Que excesso de ego! Criei um site que mais parecia um blog. Foi bacana porque aprendi sobre linguagem HTML, mais logo percebi que não tinha muito sentido manter aquilo com formato de site e ainda ter custo.
Mais uma vez com o intuito de aprender sobre comunidades virtuais, pois tanto aprender sobre sites ou comunidade virtual era enriquecedor para a pesquisa do doutorado, entrei no Globoonlines (GO), uma comunidade de blogs do Globo Online (naquela época era este o nome do ciberjornal). Mantive com o mesmo nome o novo blog e um dos meus assuntos mais recorrentes era as muitas viagens que eu fazia. O ponto alto foi quando contei da minha travessia no Tibet durante umas duas semanas e a cada dia ganhava mais leitores para me acompanhar nessa aventura.
Depois o GO fechou e dessa experiência desenvolvi um gosto ainda maior por compartilhar minhas experiências, minhas histórias e aprendi sentindo como os ambientes virtuais podem gerar laços de amizade e de confiança (capital social). Havíamos feito um grupo de amigos que tinha blog no GO e agora se sentiam órfãos, foi então que resolvemos criar novos blogs independentes em outros espaços, porém conectados pela vontade de estar reunidos.
Assim é. Posso ficar sem escrever um tempo, e isso acontece mais frequente do que eu gostaria, mas sempre recebo a visita dos mesmos leitores-amigos da época do GO de 2006-2007, e claro novos leitores vão aparecendo.
Continuo escrevendo aqui sobre minhas vivencias pessoais, por mais que em vários momentos achasse que devia dar um ar mais profissional, mas não consigo. O ComuniQuel é isso, sou eu falando sobre mim e minhas coisas. Um diário digital (sem ter essa periodicidade).

Esse jeito de diário é o motivo da existência de muitos blogs, principalmente feminino. Mulher tem essa necessidade de falar e ser ouvida, de dividir mais, às vezes beirando a experiência adolescente de ter um diário, só que agora não tem a menor graça se ele não for público. Apesar de já estar quase com 33 anos sou assumidamente adolescente em alguns aspectos, na cor desse blog por exemplo.
O meu ego está por toda parte. No nome do blog, nos textos e na montagem de fotos da cabeceira. ComuniQuel ficou tão forte para mim que meu perfil do Twitter leva o mesmo nome e acabei usando o mesmo nome no perfil do novo blog, o sério, o de docente da disciplina da Póscom.
Semana passada, na comemoração dos 20 anos do programa de pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da UFBA, assisti a conferência “Logos sensorial: tempo e sensação na contemporaneidade”, pelo Doutor em semiótica Julio Pinto, que disse muito sobre o ego como uma sintoma da contemporaneidade, da relação do EU com o tempo Presente e as sensações. Tema também de outros posts por aqui. Ai me senti aliviada. Pode não ser bom, ou pode que seja, ou como tudo, tem aspectos positivos e negativos, mas esse meu ego é algo compartilhado por outros egos contemporâneos.