viernes, 23 de enero de 2009

Pra lá de Marrakech - parte II


Fechei os olhos e sonhei. No momento seguinte, Matheus me despertou, não queria do sonho acordar e pensei que passar a virada do ano sonhando plena estaria. Matheus voltou a chamar por meu nome, e disse que não teríamos muito tempo para nos arrumar e irmos ao restaurante. Sim, ele tinha feito a reserva da sua noite idealizada. Levantei-me e no meu último banho do ano fui pedindo para que água lavasse todo cansaço, negativismo, comodismo que em meu ser estivesse e me limpasse por ineira, para que daquela noite eu desfrutasse. E o amor comigo estivesse. Era a oportunidade para usar meu vestido dourado novo. Novo porque não havia usado ainda, mas já o tinha comprado desde maio. Que ele me trouxesse prosperidade! E a paz, como sempre, ficava na superstição da calcinha branca nova. Ao entrar no restaurante um olor de rosas, incenso e boa comida deram as boas-vindas. Ao ver aquele lugar tão belo, tão delicadamente ornamentado, tão cheiroso, me senti contente por haver trocado uma noite de sonhos embaixo das cobertas, por uma de sonhos contemplando e interactuando com reais maravilhas.

Sentamos em confortáveis almofadas e o banquente se iniciou. Podia descrever cada prato que nos serviram, mas não seria suficiente para fazer vocês, meus caros amigos leitores, imaginar o prazer degustativo que senti. Todos os sabores tão bem equilibrados, e ao mesmo tempo originais, uma sofisticada mescla de sabores doces e salgados, era difícil parar de comer. Tudo isso acompanhado por músicos árabes, que dava o clima perfeito a ocasião. A pausa forçada ao pecado da gula aconteceu quando uma dançarina entrou com sua roupa vermelha esvoaçante, se exibindo e convindando nos a dançar. E a tempertura subiu quando uma senhora equlibrista de velas en uma bandeja entrou gritando, dançando e fazendo peripécias com o corpo mantendo as velas equilibradas.


Todos caímos no samba…ops…quis dizer na dança do ventre…e meu ventre que estava cheio de tantos manjares se sacudiu bastante e não deixou nada a desejar as dançarinas pançudinhas de dança do ventre. Amo dançar, e aquele baile em conjunto me fez muito bem. Marroquinos, franceses, ingleses, portugueses, americanos e brasileiros se mexendo ao som daquela música tão tradicional e passional do Oriente. Ânimos acalmados, voltamos a nossa mesa. A comilança continua e novos pratos são servidos. Simplesmente não podia mais comer, mas não conseguia deixar, de pelo menos, provar um pouquinho do que era servido. E depois de provar me dava uma pena não poder ter espaço para seguir comendo, para seguir com aquela caricia em meu paladar. Finalmente o ritual do chá de menta, tão digestivo. Ironicamente foi tomar o chá e comecei a passar mal. Pedi por um limão. Eles não tinham. Precisava sair dali e caminhar. E assim fizemos, a meia noite passamos na rua. Estava cheia de gente, mas não houve fogos de artifício, nem champagne, nem gente bebada pelas ruas. Havia gente. Muita gente. E só. Os marroquinhos apesar de não beberem pareciam bêbados, talvez fosse o haxixe, talvez fosse só alegria. Um deles me passou a mão na bunda. Que raiva! mas melhor deixar quieto, vai saber como essa gente reaciona... Minha meta era uma só, achar um limão. Quando estou mal do estômago minha salvação é tomar o suco de um limão puro. Foi difícil achar, entrei em vários restaurante para pedir. Finalmente encontro e o efeito é mágico. Sentindo-me alivida, feliz, enternecida, encantada pela noite que tive. Olho para o céu. A noite estava estrelada. Retorno ao hotel. E fazendo minhas orações durmo e volto a sonhar.



...continua...

2 comentarios:

Marcos Santos dijo...

Olá Raquel

Estou gostando do seu relato. Muito bom!

Um beijo pra lá de Marrakech

Raquel dijo...

Obrigada meu amigo!