domingo, 3 de mayo de 2009

“Antes mesmo de fazer teatro, nós somos teatro”

Quando li a manchete da morte de Augusto Boal imediatmente senti um nó na garganta. Lembrei-me de seu entusiasmo em um workshop que tive o prazer de fazer com ele.
Entristeci-me em pensar que aquele dramatugo, ensaista, diretor de teatro e criador do Teatro do Oprimido não estava mais entre nós.
Ao ver uma cobertura pobre na mídia sobre Augusto Boal senti vontade de escrever, para contribuir com um grãozinho de areia, para que esse homem receba as homenagens que mereça e que mais pessoas percebam a grandiosidade desse ser.
Augusto Boal, 78, faleceu neste sábado (2) de insuficiência respiratória, no Rio. Mesmo diagnosticado com leucemia não deixou de viver intensamente sua história. Sempre atuante, ainda no final de março encontrou forças para participar de uma confêrencia da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em Paris, onde recebeu o título de Embaixador Mundial do Teatro. Também um título desse EMBAIXADOR MUNDIAL DO TEATRO, merecia um derradeiro esforço.
Em 2008, foi indicado ao prêmio Nobel da Paz devido ao reconhecimento a seu trabalho com o Teatro do Oprimido, uma metodologia internacionalmente conhecida que alia teatro à ação social. No dia 16 de março do mesmo ano, atores, teatrólogos e militantes da cultura comemoraram pela primeira vez o Dia Mundial do Teatro do Oprimido. A data foi escolhida por ser a mesma do nascimento de Augusto Boal.

Esse post não é para escrever sobre a história de Boal ou do Teatro do Oprimido é simplesmente meu desejo que seu exemplo, de uma pessoa que dedicou a vida à transformação social por meio da arte , seja um exemplo a seguir por muitas outras pessoas.

Augusto Boal será cremado essa tarde de domingo. Melhor escolha para a decomposiçao do seu corpo não poderia existir. O fogo, na Idade Média era considerado como o mais nobre dos elementos, aquele que mais se aproximava à Divinidade. O fogo passou a ser utilizado em rituais religiosos e predominou a creencia que ao queimar o cadáver, com ele seria queimado todos os seus defeitos e ao mesmo tempo a alma se libertaria. A cremação teve como base a força purificadora do fogo. Os orientais acreditam que nas ceremonias de cremação se pode esperar obter atitudes benévolas dos deuses, buscando conducir as almas ao Reino dos Mortos e ali, quando chegassem seriam recebidas e cuidadas com carinho.

Pensando em tudo isso, na ritualidade do fogo, do teatro, não me entristeço mais por pensar que a presença fisica de Augusto Boal não está mais entre nós, já que seu legado investigativo, cultural, artístico, social e político terá a benção dos deuses para ser imortalizado em países de todo o mundo.

Abaixo está um video, que mostra mais sobre Augusto Boal e seu trabalho.



Paginas Amarelas do Teatro do Oprimido: http://www.theatreoftheoppressed.org/

Site do centro do teatro do oprimido:http://www.ctorio.org.br/

CENTRO DE TEATRO DO OPRIMIDO. Av. Mem de Sá, 31 - Lapa Rio de Janeiro - RJ
Tel:(21) 2232-5826

"Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!" Augusto Boal

11 comentarios:

Deputado Lara dijo...

linda e justa homenagem!!!
forte abraço.

Alfredo Rangel dijo...

Vi Boal recentemente na TV Câmara, único canal de tv assistível, num programa feito em BH, Sempre um papo. Impressionande a lucidez, a visão, o descortínio deste homem.
Parabéns a vc pela homenagem mais do que justa.
Pena, o mundo se imbeciliza cada vez mais.

Lau Milesi dijo...

Esse carioca fez história no mundo inteiro e merece essa homenagem, Quelzinha. Boal participou, tb, da história política do nosso país. Estamos de luto, com certeza. Meus
cumprimentos por sua sensibilidade.
Beijos e adorei seu blog!

Anónimo dijo...

Raquel

Que alegria receber sua visita querida.
Você, de fato, fez uma belíssima homenagem à alguem que emrece todo nosso louvor.

beijos

Salete Cardozo Cochinsky dijo...

Querida Quel
É um prazer conhecer tua nova casa. Continuar fazendo parte desse algo maravilhoso que é estar em contato, sentir um outro próximo, mesmo que a léguas de distância. A internete nos provou com mais consistência essa verdade. A proximidade se constata pelo afeto, pelo vínculo e não pela distância física.
Hoje só passei correndo para dizer-te isso, Voltarei para ler.
Beijos e já vi que teu bLOG esta lindo

Beijos
Saly

Unknown dijo...

De fato, também senti o mesmo nó.
É uma pena, porém como disse alguém, a morte não deve parar a vida. Fica a lembrança e as homenagens. Beijos.

Mariano P. Sousa dijo...

Merecida homengem a esse grande ser humano que deixa sua arte e assim sempre será vivo entre nos.
Grande abraço!!

Nelson Borges dijo...

Oi Quel,
adorei a homenagem,
mais que merecida.
beijos

Anónimo dijo...

Oi, Quel!

Estou ha dias para comentar esse post e nunca consigo, rsrs! Tive vergonha da cobertura dada pela midia (eesa nossa midia) ao mestre Boal. Teve site que ainda colocou notinhas com referencias do tipo: foi diretor de famosos como Maria Bethania e outras... Como se essa tivesse sido a maior façanha do cara que nos legou o teatro do oprimido, por exemplo... A comunidade teatral tem uma grande perda, sem duvida.

Bjs,

Paulo-Roberto Andel dijo...

Boal foi mais um dos gênios brasileiros que teve sua obra a influenciar todo o planeta, mas não reconhecidamente em sua própria terra. Culpa dos tempos modernos, onde a imbecilização prevalece. Foi uma das vozes mais potentes contra a ditadura de 1964 - que alguns, infantilmente, ainda insistem em negar.

Tenho orgulho por ter sorvido sua obra e sua trajetória.

No mais, Mu, beijoca de siempre.

Paulo

Raquel dijo...

Oi amigos,

Fiquei muito contente com os comentarios de vocês.
Besitosss a todos!